No alto da montanha...

No alto da montanha...
Capilla del Monte - Cerro Uritorco - Argentina

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Um dia de Luz...

(23/02/13)

Em BH eu tive que escolher entre ir ao Ananda Marga e ao templo Hare Krishna porque ambos se reúnem no mesmo dia e horário. Hoje, aqui, consegui fazer os dois e foi muito bom! Em BH comecei ir ao templo com dezoito anos, quando então me encantei com tantas cores e alegria. Tudo me fascinava, as palavras, as roupas, as danças e os mantras. Dentro do templo sempre me senti conectada com grande paz e harmonia. Mas a devoção à Krishna da forma como eu percebia, embora admire, não está totalmente de acordo com os meus pensamentos. Assim, minhas idas esporádicas sempre foram apenas como uma carga de energias e como um momento de aprendizado sobre as belas palavras que são ditas.

Em minhas buscas pelos caminhos espirituais encontrei o Ananda Marga e me encantei desde as primeiras palavras do meu Dada (guia espiritual). Quando ele me disse: “aqui não procuramos Deus no céu e sim dentro de cada um de nós” foi como as palavras chaves para me “segurar” ali. Na apresentação sobre a organização, tudo que o Dada dizia se encaixava perfeitamente com os meus pensamentos e intenções. Eu sentia a todo tempo que aquele lugar deveria fazer parte da minha vida. No Ananda Marga aprendi que tudo é amor divino, tudo é Consciência Cósmica e somos todos conectados ao Ser Supremo. Tudo é Amor Divino, Baba Nam Kevalam! Assim, em minhas primeiras semanas de meditação eu era capaz de sentir vida nas pedras, nas árvores, no chão, no céu, no sol, na chuva. Fui capaz de amar aos outros com uma sensibilidade inexplicável, amar aos outros e as coisas. Mas o caminho da meditação é duro, exige muita disciplina e foco. E eis aí minha dificuldade, nunca consegui ser disciplinada, ter rotinas certas. A meditação duas vezes diárias e às restrições a algumas coisas para se conseguir sentir o resultado da meditação Margii acabou me fazendo perder um pouco do caminho. E assim, ir à jágrit (centro de meditação) acabou sendo também um momento de purificação da alma e absorção de forças. Mas senti que ainda não estava preparada para ser uma Margii em total entrega.

E hoje foi um dia lindo. Como conheci a jágrit daqui nesta segunda-feira, fui convidada para um almoço com o grupo. E fui! Lá eu não conhecia bem as pessoas e não conseguia conversar muito. O espanhol quando conversado entre cordobeses me parece quase impossível de ser compreendido. Mas o Dada daqui estava presente no almoço e estar ao lado de um Dada sempre me traz uma felicidade tão grande que não preciso muito mais do que simplesmente estar sentado por perto deles. Na verdade isso acontece principalmente com o meu “mestre”, mas com o daqui também pude sentir boas vibrações. Só não consegui sentir muito bem no momento da meditação. Ahh... a coluna doía tanto que parecia que ia explodir. E as formiguinhas na perna então, nem se fala! E as dores me faziam ter a certeza que tenho que escolher entre praticar ou não. Não dá para ficar em cima da corda. Ou tenho que praticar todos os dias ou as dores vão me impedir de sentir as boas energias das práticas coletivas nas jágrits. Assim, com a cabeça voltada o tempo todo para as dores, não pude me conectar ao Baba Nam Kevalam. Mas o encontro foi ótimo e é impossível não comentar que a comida estava excelente. Ah que saudade que eu estava de comer uma comida de verdade!
Tive que sair mais cedo que o restante do grupo porque eu tinha outro compromisso.

Às 18:00h fui para uma reunião no “mini templo” Hare Krishna que o Hare da Plaza San Martín havia me convidado. O espaço na casa onde ele, Mathura Raj, vive. Quando cheguei fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que haviam se reunido ali para ouvir as palavras e os mantras. Achei mesmo muito impressionante como havia tantas pessoas interessadas. Em BH também sempre está lotado, mas lá existe um grande templo com um número muito extenso de devotos. E aqui não é um templo real e sim um espaço dedicado a essas atividades e me parecia que muitas pessoas estavam indo para conhecer o movimento. Mais uma vez estava eu me sentindo conectada àquele meio, um pouco como em BH, mas ainda mais leve e menos presa às críticas. Aliás, ali não havia nada que eu quisesse criticar. Tudo realmente estava muito bom para mim.

Mathura Raj nos conduziu a perguntas como: “Estou realmente feliz? Estou satisfeito com o que estou fazendo hoje? Estou contente com o meu trabalho? O que eu gostaria de estar fazendo agora?”. Essas perguntas foram feitas enquanto estávamos em meditação com os olhos fechados e a mão no coração. Eu até belisquei meu coração, ah... mas ele não quis me responder não. Vi que tem muitas perguntas que eu ainda não sei responder e me foi muito importante despertar para isso! Ele também disse que quando estamos fazendo o que realmente gostaríamos de fazer, estamos nos conectando com Deus. Gostei muito de ter escutado esse pensamento. Às vezes é como me sinto quando estou em meio à natureza. Gosto tanto de me sentar sem ter que fazer mais nada, e esse é mesmo um momento em que me conecto com as forças divinas.


Tudo estava sendo muito bom para mim. As palavras, na seqüência as músicas instrumentais, o Maha Mantra Hare Krishna cantado com a sintonia da devoção de Mathura Raj. Mas teve um momento especial e difícil de ser descrito em palavras. Foi quando Mathura disse que ia tocar um mantra em especial para uma brasileira que havia conhecido à poucos dias e que havia lhe contado que sente uma emoção muito forte com esse mantra. Era meu mantra favorito ali, era Jaya Radha Madavha cantado e tocado para todos, mas também para mim. Simplesmente inexplicável! Eu nunca havia escutado esse mantra dentro de um templo. Eu havia o encontrado em minhas buscas pessoais e havia me apaixonado por ele. E ali, parecia que Krishna conversava comigo. Eu não sabia o que estava sentindo, mas percebia meus olhos despistadamente lacrimejando, ao mesmo tempo que o sorriso nascia. Eu fechava os olhos e via perfeitamente uma cena. Era um filme que se passava claro em minha mente, também era real! Assim como sugere o mantra, eu via Krishna caminhando pelos bosques, eu o via por perto das montanhas, das cachoeiras. Ele estava tocando sua flauta, não caminhava, mas sim saltava e bailava. Ele tocava para o sol que estava irradiante e tocava para as quedas d’água. O som de sua flauta era também para os pássaros que voavam ao seu redor. E depois chegou Rhada, então bailavam juntos e cantavam. Era colorido, era vivo, era suave. Era a maior expressão do amor!




Foram mais algumas horas sentada sem encosto, assim como na meditação realizada durante o dia minha coluna doía, minha perna tinha câimbras, mas eu não queria sair dali! Não queria que aquele momento tivesse um fim.




"jaya rādhā-mādhava kuñja-bihārī
gopī-jana-vallabha giri-vara-dhārī
yaśodā-nandana braja-jana-rañjana
yāmuna-tīra-vana-cārī"


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