Hoje o dia começou estranho.
David viajou ontem à noite para o norte da Argentina e irá voltar no sábado. Começar
o dia sem ele foi mais difícil por causa da conversação, mas em palavras
engasgadas deu para compreender as conversas com Maria Rosa. Depois do café da
manhã ela me levou de carro até a faculdade onde irei estudar. Foi completamente
engraçado, parecia que eu tinha uma mãe cuidando de mim e me levando no
primeiro dia de aula. Ela me levou literalmente até a porta da sala. Não posso
negar que apesar de cômico, sua ajuda foi muito útil para eu me encontrar
dentro do prédio.
Quando decidi fazer o curso de
espanhol por aqui, imaginei que muitas pessoas viriam estudar para aprender a
língua também, e principalmente muitas pessoas que apenas falavam inglês. Assim
até pensei que para mim seria mais fácil. Mas nada disso! Sobrei feito jiló na
janta. Na sala havia um bando enorme de americanos, todos falavam espanhol
muito bem e além de tudo já se conheciam, pois fazem o curso há mais tempo e
estão apenas mudando de nível. Os primeiros 5 minutos foram horríveis. Nenhum brasileiro
naquela sala! Me senti um e.t. ali no meio. Um peixe fora d’água, sei lá o quê!
Mas para minha sorte, uma americana que se sentou na minha frente me disse “Hola”!
Ufi, alguém conversou comigo! Pensei que não íamos falar mais de três palavras,
mas nós conseguimos muito mais. O portunhol funcionou muito bem nesse momento! Sinto
que nos identificamos, pois estávamos as duas sem companhia e porque, acima de
tudo, percebemos que temos muitos gostos em comum. Foi muito bom isso!
Mas chegou a hora da prova. O teste
era apenas de nivelamento para que a direção pudesse selecionar em qual classe
cada aluno ficaria. Sendo assim, imaginei um prova simples, onde teríamos que
escrever as cores, os dias da semana e por aí vai. Haha, coitadinha de mim! A prova
era gigante, e na grande maioria era necessário escrever longos textos
descrevendo alguma história, como a minha rotina, ou opinando sobre um texto
jornalístico. Socorro! Foi horrível. Eu compreendi praticamente tudo que li,
mas na hora de escrever... só saia o tal do português. Mas, foi! Não dava para
inventar o que não sabia. Respondi tudo, mas no portunhol mais fajuto possível.
Depois da prova escrita fomos
para a prova oral. Aí achei mais tranqüilo. Eu precisei falar com duas
professoras o que faço e porque escolhi o curso. Não foi tão pavoroso assim! Quando
sai da prova escrita minha nova amiga, Laura, estava me aguardando para
percorrermos juntas a cidade universitária. Pensei que íamos andar juntas e
mudas. Mas até que deu certo! Caminhamos muito para encontrar o restaurante,
que estava fechado! Por isso ela disse que me levaria até algum outro restaurante
fora da universidade. Andamos por toda a cidade! Laura é uma garota muito
bacana e prestativa. Almoçamos uma pizza e ela me levou para conhecer vários
pontos de referência e me acompanhou para resolver muitas coisas que eu
precisava. Assim, comprei meu cartão de ônibus, liguei para o meu pai para
dar-lhe parabéns pelo seu aniversário e comprei um chip (que não funcionou)
para meu celular. Andamos por umas duas horas e meia. Ela também me apresentou
uma escola de dança e um ponto turístico onde pegamos mapas e programações da
cidade. Laura conhece tudo isso, pois já viveu três meses em Córdoba em outro
ano e agora retornou para estudar. Planejamos fazer muitas coisas juntas, como
aula de dança, yoga, ir a uma festa de carnaval e a alguns bares com boas
músicas. Agora precisamos de nos organizar para ver o que dá para fazer!
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