No alto da montanha...

No alto da montanha...
Capilla del Monte - Cerro Uritorco - Argentina

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quinta com cara de sexta

(21/02/13)

Meu primeiro dia de atividade valendo nota! Isso não me afetou, haha. Não estava tensa com a situação e usei a tal da apresentação oral avaliativa como forma de divulgação das popularidades brasileiras e das minhas artesanias. Deu super certo!

Quando cheguei à sala de aula a professora ainda não estava lá. Minhas bugigangas estavam todas penduradas na mochila e logo aproveitei para falar para os colegas de classe que eu vendia artesanato e que se quisessem podiam ver. Dois vendidos no mesmo instante! Oba! A minha apresentação foi a última, pois seguia-se a ordem das cadeiras. A professora pediu para levarmos fotos de coisas relacionadas ao nosso cotidiano para apresentar. Levei fotos vinculadas ao meu cotidiano de trabalho, com a intenção de que as pessoas pudessem conhecer um pouquinho de Minas também. Assim, uma foto de um povoado, de uma igreja e de uma festa com fanfarra.  Também mostrei fotos de BH e da feira hippie. Depois, para falar sobre o que eu gostava, uma foto de cachoeira, de samba de roda e de um grupo de música da Bahia. Depois entraram as pessoas, uma foto com minhas cinco super amigas Déborah, Paulinha, Larissa, Nana e Jú. Eu disse que são minhas amigas irmãs, que estamos sempre juntas! Depois foto da minha avó e a Nessa, pessoas com que vivo e amo muitão, depois fotos dos pais, irmãos e sobrinhas, que deixei bem claro que embora não moramos juntos, somos muito unidos. Quando eu falava sobre meus irmão, que dois são filhos da minha mãe e uma é filha do meu pai, a professora disse que aqui se diz que eles sãos meus meio irmãos, porque não são filhos do mesmo pai e mãe que eu. Aí, como ação e reação, respondi instantaneamente que isso só aqui, porque: “Ellos no son mis medios hermanos, pero mis hermanos enteros!”, rsrs. Aí depois de apresentar tudo isso eu expliquei que estou aqui por gosto e não por um vínculo com universidade ou trabalho e que aqui eu era artesã! Ótimo, mostrei de novo o trabalho e a professora adorou. Disse que na segunda-feira compra um e que vai indicar para suas amigas de trabalho.

Sobre as outras apresentações, fiquei muito surpresa como a vida dos estadosunidenses é mesmo igualzinha ao que se aparece nos filmes. Todos diziam que amam muito sua universidade, uma chegou a dizer que a universidade é como sua família, a outra usa um anel de ouro com a inicial do nome da escola. Eu só pensava: “Meu Deus, e eu não estou nem aí para a minha!”. Uma coisa é amar o curso que faz, outra é ser tão apegado à instituição! Mas, cada um com seu costume. E as fotos das universidades também são iguais as dos filmes, aqueles prédio imensos, impressionante! Outra semelhança nas apresentações é que a maioria deles tem famílias que trabalham com fazendas, também como nos cinemas!

Durante o intervalo eu queria tentar vender os outros filtros, mas acabei sentando para almoçar com uma garota da minha sala e fiquei tão impressionada com as coisas que ela me contava que não deu para ir “ao trabalho”. Foi um choque para mim ouvir sobre algumas coisas relacionadas ao cotidiano da vida nos Estados Unidos. Foi um choque e um aprendizado. Ouvi coisas que jamais imaginei e que despertou um monstro de indignação dentro de mim. Lembrava a todo tempo do que aprendi com a antropologia, sobre o olhar do outro que está de fora. Não posso opinar sobre uma cultura com a visão vinculada ao cotidiano da minha cultura. Não posso argumentar sobre o que se vive em um meio através do ponto de vista do meu ambiente. Então, não sabia o que falar sobre tudo que escutava, também porque tudo que eu pensava era muito forte e passar para o espanhol seria muito complicado. Foi uma conversa dura para mim, mas um aprendizado sobre o que está além dos meus olhos.

Depois da aula resolvi desviar do meu caminho para ver como estava a venda de artesanato pelas ruas. Realmente ao lado do shopping havia uma galera vendendo seus trabalhos. Passei entre eles, mas não sabia o que dizer, rs, e uma das garotas me chamou pois queria ver meu brinco. Foi uma boa abertura para eu começar a conversar com eles sobre o cotidiano ali. Eles disseram que aqui quando os guardas chegam todo mundo guarda tudo e vai embora, sem maiores problemas. Então eu disse que talvez me junte a eles depois. Mas por enquanto estou tentando organizar meus dias.

Quando voltei para casa estavam todos, hermanos e a dona, sentados à mesa tomando café. Então, em meio às conversas, soltei sem querer minhas novas idéias. Acho que deviam ter ficado guardadas para mim! Estou pensando que quero muito viver aqui por ao menos mais um mês após o término das aulas. Estou mesmo encantada por essa cidade e viver aqui por mais um tempo me parece uma coisa fundamental. Assim, estou trabalhando duas idéias na minha mente, uma de trabalhar em um hostel e em troca receber a moradia. É complicado porque se trabalha muito e não recebe dinheiro, só o dormitório com mais um tanto de gente. Mas por outro lado, penso que às vezes é isso mesmo que estou querendo. Um hostel é mesmo uma idéia muito chamativa para mim, um lugar onde estou cheia de pessoas novas e onde posso praticar muito o idioma. Outra idéia é a de mudar para um hostel e tentar um trabalho voluntário em um museu. Seria excelente para meu currículo, muito bom mesmo. Mas aí teria que ter mais despesa com hospedagem e não sei se estou muito a fim de me preocupar com o currículo agora. Bom, vou pensando na idéia. Mas o que estou certa é que eu não deveria ter falado isso na mesa do café. Era só um bate papo e acabou se tornando uma pressão esse assunto para mim. Tive que dar mil respostas sobre coisas que ainda não sei, como: “mas o que você quer afinal?” Eu não seiiiii! Só estou pensando! Agora tem gente a fim de me ajudar e de fazer tudo para mim, conseguir um lugar para eu viver, conseguir um lugar para eu trabalhar, mas eu não quero isso. muito amável, mas quero fazer minhas coisas por mim mesma, no máximo uma ajuda e umas dicas, mas fazer para mim, isso não! Vou tentar dar um jeito de abafar esse assunto por aqui.

Depois da conversa pesada me deu uma baita dor de cabeça e mal humor e resolvi dormir. Demorei muito, mas dormi. Havia combinado de sair às 22h com os hermanos e então logo acordei para pensarmos aonde ir. Acabou que David desistiu e fomos eu e Melyssa sair pelas ruas procurando um lugar legal. Ótimo, Melyssa já entendeu muito bem do que gosto. Sou mesmo restritiva, isso não é legal, mas não gosto mesmo de qualquer coisa. Para mim o ambiente tem que ser barato, agradável e aberto. Essas são minhas “exigências” quando saio. Não gosto de ser implicante, mas também não vou a lugares que não me interessa. E Melyssa é uma fofa, para ela tudo está realmente muito bom. É uma pessoa muito fácil de se adaptar às coisas. Então, ela deixou para eu ir conduzindo o passeio. Tínhamos o objetivo de ir pra uma rua dar uma olhadinha como estava o ambiente, mas antes de chegarmos lá achamos um bar com mesinhas na rua que tocava um bom rock’n roll. Lá não tinha o que comer e eu estava com fome. Caminhamos alguns passos e paramos em outro bar que se vendiam vários tipos de “empanadas”e que também tinha mesinhas na rua. Paguei cinco reais para comer uns salgadinhos deliciosos. Depois voltamos para o bar do rock e lá conversamos bastante e tomamos um bom Fernet. Um para as duas, rs. Depois seguimos caminhando para ver o movimento e encontramos duas garotas da minha sala. Elas estavam meio bêbedas e estavam engraçadas. Estavam indo para uma sorveteria e as acompanhamos. Hum, o sorvete daqui é maravilhoso, mas é enorme. Acho que tenho que caminhar um mês para perder as calorias que consumi. Depois de me deliciar com o meu “helado”, voltamos para a casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário