Meu primeiro dia de atividade
valendo nota! Isso não me afetou, haha. Não estava tensa com a situação e usei
a tal da apresentação oral avaliativa como forma de divulgação das
popularidades brasileiras e das minhas artesanias. Deu super certo!
Quando cheguei à sala de aula a
professora ainda não estava lá. Minhas bugigangas estavam todas penduradas na
mochila e logo aproveitei para falar para os colegas de classe que eu vendia
artesanato e que se quisessem podiam ver. Dois vendidos no mesmo instante! Oba!
A minha apresentação foi a última, pois seguia-se a ordem das cadeiras. A professora
pediu para levarmos fotos de coisas relacionadas ao nosso cotidiano para
apresentar. Levei fotos vinculadas ao meu cotidiano de trabalho, com a intenção
de que as pessoas pudessem conhecer um pouquinho de Minas também. Assim, uma
foto de um povoado, de uma igreja e de uma festa com fanfarra. Também mostrei fotos de BH e da feira hippie. Depois,
para falar sobre o que eu gostava, uma foto de cachoeira, de samba de roda e de
um grupo de música da Bahia. Depois entraram as pessoas, uma foto com minhas
cinco super amigas Déborah, Paulinha, Larissa, Nana e Jú. Eu disse que são
minhas amigas irmãs, que estamos sempre juntas! Depois foto da minha avó e a
Nessa, pessoas com que vivo e amo muitão, depois fotos dos pais, irmãos e
sobrinhas, que deixei bem claro que embora não moramos juntos, somos muito
unidos. Quando eu falava sobre meus irmão, que dois são filhos da minha mãe e
uma é filha do meu pai, a professora disse que aqui se diz que eles sãos meus
meio irmãos, porque não são filhos do mesmo pai e mãe que eu. Aí, como ação e
reação, respondi instantaneamente que isso só aqui, porque: “Ellos no son mis
medios hermanos, pero mis hermanos enteros!”, rsrs. Aí depois de apresentar
tudo isso eu expliquei que estou aqui por gosto e não por um vínculo com
universidade ou trabalho e que aqui eu era artesã! Ótimo, mostrei de novo o
trabalho e a professora adorou. Disse que na segunda-feira compra um e que vai
indicar para suas amigas de trabalho.
Sobre as outras apresentações,
fiquei muito surpresa como a vida dos estadosunidenses é mesmo igualzinha ao
que se aparece nos filmes. Todos diziam que amam muito sua universidade, uma
chegou a dizer que a universidade é como sua família, a outra usa um anel de
ouro com a inicial do nome da escola. Eu só pensava: “Meu Deus, e eu não estou
nem aí para a minha!”. Uma coisa é amar o curso que faz, outra é ser tão
apegado à instituição! Mas, cada um com seu costume. E as fotos das
universidades também são iguais as dos filmes, aqueles prédio imensos, impressionante!
Outra semelhança nas apresentações é que a maioria deles tem famílias que
trabalham com fazendas, também como nos cinemas!
Durante o intervalo eu queria
tentar vender os outros filtros, mas acabei sentando para almoçar com uma
garota da minha sala e fiquei tão impressionada com as coisas que ela me
contava que não deu para ir “ao trabalho”. Foi um choque para mim ouvir sobre
algumas coisas relacionadas ao cotidiano da vida nos Estados Unidos. Foi um
choque e um aprendizado. Ouvi coisas que jamais imaginei e que despertou um
monstro de indignação dentro de mim. Lembrava a todo tempo do que aprendi com a
antropologia, sobre o olhar do outro que está de fora. Não posso opinar sobre
uma cultura com a visão vinculada ao cotidiano da minha cultura. Não posso
argumentar sobre o que se vive em um meio através do ponto de vista do meu
ambiente. Então, não sabia o que falar sobre tudo que escutava, também porque
tudo que eu pensava era muito forte e passar para o espanhol seria muito
complicado. Foi uma conversa dura para mim, mas um aprendizado sobre o que está
além dos meus olhos.
Depois da aula resolvi desviar do
meu caminho para ver como estava a venda de artesanato pelas ruas. Realmente ao
lado do shopping havia uma galera vendendo seus trabalhos. Passei entre eles,
mas não sabia o que dizer, rs, e uma das garotas me chamou pois queria ver meu
brinco. Foi uma boa abertura para eu começar a conversar com eles sobre o
cotidiano ali. Eles disseram que aqui quando os guardas chegam todo mundo guarda
tudo e vai embora, sem maiores problemas. Então eu disse que talvez me junte a
eles depois. Mas por enquanto estou tentando organizar meus dias.
Quando voltei para casa estavam
todos, hermanos e a dona, sentados à mesa tomando café. Então, em meio às
conversas, soltei sem querer minhas novas idéias. Acho que deviam ter ficado
guardadas para mim! Estou pensando que quero muito viver aqui por ao menos mais
um mês após o término das aulas. Estou mesmo encantada por essa cidade e viver
aqui por mais um tempo me parece uma coisa fundamental. Assim, estou
trabalhando duas idéias na minha mente, uma de trabalhar em um hostel e em
troca receber a moradia. É complicado porque se trabalha muito e não recebe
dinheiro, só o dormitório com mais um tanto de gente. Mas por outro lado, penso
que às vezes é isso mesmo que estou querendo. Um hostel é mesmo uma idéia muito
chamativa para mim, um lugar onde estou cheia de pessoas novas e onde posso
praticar muito o idioma. Outra idéia é a de mudar para um hostel e tentar um
trabalho voluntário em um museu. Seria excelente para meu currículo, muito bom
mesmo. Mas aí teria que ter mais despesa com hospedagem e não sei se estou
muito a fim de me preocupar com o currículo agora. Bom, vou pensando na idéia. Mas
o que estou certa é que eu não deveria ter falado isso na mesa do café. Era só
um bate papo e acabou se tornando uma pressão esse assunto para mim. Tive que
dar mil respostas sobre coisas que ainda não sei, como: “mas o que você quer
afinal?” Eu não seiiiii! Só estou pensando! Agora tem gente a fim de me ajudar
e de fazer tudo para mim, conseguir um lugar para eu viver, conseguir um lugar
para eu trabalhar, mas eu não quero isso. muito amável, mas quero fazer minhas
coisas por mim mesma, no máximo uma ajuda e umas dicas, mas fazer para mim,
isso não! Vou tentar dar um jeito de abafar esse assunto por aqui.
Depois da conversa pesada me deu
uma baita dor de cabeça e mal humor e resolvi dormir. Demorei muito, mas dormi.
Havia combinado de sair às 22h com os hermanos e então logo acordei para pensarmos
aonde ir. Acabou que David desistiu e fomos eu e Melyssa sair pelas ruas
procurando um lugar legal. Ótimo, Melyssa já entendeu muito bem do que gosto. Sou
mesmo restritiva, isso não é legal, mas não gosto mesmo de qualquer coisa. Para
mim o ambiente tem que ser barato, agradável e aberto. Essas são minhas “exigências”
quando saio. Não gosto de ser implicante, mas também não vou a lugares que não
me interessa. E Melyssa é uma fofa, para ela tudo está realmente muito bom. É uma
pessoa muito fácil de se adaptar às coisas. Então, ela deixou para eu ir
conduzindo o passeio. Tínhamos o objetivo de ir pra uma rua dar uma olhadinha
como estava o ambiente, mas antes de chegarmos lá achamos um bar com mesinhas
na rua que tocava um bom rock’n roll. Lá não tinha o que comer e eu estava com
fome. Caminhamos alguns passos e paramos em outro bar que se vendiam vários
tipos de “empanadas”e que também tinha mesinhas na rua. Paguei cinco reais para
comer uns salgadinhos deliciosos. Depois voltamos para o bar do rock e lá
conversamos bastante e tomamos um bom Fernet. Um para as duas, rs. Depois seguimos
caminhando para ver o movimento e encontramos duas garotas da minha sala. Elas estavam
meio bêbedas e estavam engraçadas. Estavam indo para uma sorveteria e as acompanhamos.
Hum, o sorvete daqui é maravilhoso, mas é enorme. Acho que tenho que caminhar
um mês para perder as calorias que consumi. Depois de me deliciar com o meu “helado”,
voltamos para a casa.
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