No alto da montanha...

No alto da montanha...
Capilla del Monte - Cerro Uritorco - Argentina

sábado, 16 de março de 2013

Saindo da zona de conforto



E chegou a hora de sair da minha zona de conforto, e eu estou feliz por isto. Todos os dias até hoje eu tive meu quarto, minha cama, cobertas, travesseiro, roupas limpas, minha comidinha, banheiro organizado e claro que tudo isso era ótimo. Além do mais, tinha sempre uma pessoa por perto para pedir socorro se necessário. Para um primeiro mês, sozinha, em um país onde eu não sabia bem o idioma, essas mordomias foram muito importantes, até mesmo porque na casa onde vivi pude aprender bem melhor o espanhol. Mas agora eu tinha certeza que estava na hora de sair. Ir para as Sierras me parecia uma travessia. Sim, saí do quarto que aluguei por um mês em Córdoba com a sensação de que ia atravessar uma ponte. 

Saí sem muitas expectativas, em um dia cinza de muito frio. Estava indo para o meio das montanhas na semana que mais fazia frio e chuva, mas nada disso me importava. A única sensação que eu tinha era o desejo de atravessar. 

No dia anterior ganhei um café da tarde muito especial da dona da casa e lanchamos junto com os meus hermanos. À noite, uma despedida com alguns amigos no meu bar favorito. Minha despedida foi mesmo bonita para mim, porque pude sentir o carinho sincero de pessoas que há pouco tempo conheci, mas que fizeram parte da minha história por aqui. Em especial ganhei muitos, muitos abraços apertados de Melyssa. Ela pulava ao meu pescoço por várias vezes e me apertava com a força brutal igual à de um homem, ao mesmo tempo em que sorria com a doçura de uma jovem menina. O sentimento de Mely por mim é mesmo algo que me impressiona. Faz-me feliz por me fazer sentir constantemente que posso fazer o bem para alguém, simplesmente com minha presença. Não entendo como isso pode se passar, mas via isso acontecer e o sorriso dela era como um presente para mim.

Ver a emoção de algumas pessoas com a minha partida é algo que poderia ter me deixado abalada, com o coração partido de sair. Mas não é que não vou ter saudades dessas pessoas lindas que passaram por mim, mas realmente o apego, acho que é um dos itens que não trouxe na minha bagagem. Assim, partir estava leve, suave e me fazia feliz. 

Agora estou no ônibus, escrevendo no meu caderninho. Estou indo para San Marcos de las Sierras, povoado que desde que saí em viagem mais queria conhecer. Em uma de minhas saídas em Córdoba conheci uma garota que me indicou um hostel para ficar e quando busquei na internet fiquei muito empolgada para ir para lá. Vendo as fotos e as descrições do hostel eu já me via em meio às músicas, aos instrumentos de percussão e à fogueira. Mas quando liguei para reservar havia acabado as vagas. Agora vou para outro hostel que não conheço, não sei ao certo onde é e não recebe reservas. Ou seja, agora vou com a caneca vazia e isso é muito bom.

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