Recebendo um companheiro de
aventuras
No norte da Argentina encontrei
com o meu novo companheiro de aventuras. Eu e Italo nos conhecemos há um ano
atrás de uma forma muito diferente do comum e por pura coincidência de datas,
brindamos nosso um ano de amizade no norte da Argentina!
Em outubro de 2011 eu participei
de um seminário na minha área de trabalho e tinha uma apresentação que me
interessou bastante. O palestrante parecia que tinha uma bagagem de trabalho
relacionada aos temas que gosto muito e que eu já pensei por diversas vezes em
aprofundar. Durante a palestra resolvi fazer uma pergunta que estava me
intrigando. Eu nunca havia feito perguntas em seminários, sempre morri de
vergonha, mas o assunto era polemico e eu não consegui deixar de interrogar a
uma questão que acabou causando uma boa discussão. Quando terminou o seminário
eu resolvi pesquisar o currículo do palestrante, Italo, para ver se eu pegava
alguma inspiração na minha carreira. Quando abri o currículo me encantei com o
trabalho dele e resolvi mandar uma mensagem via internet para o tal pesquisador
e professor pedindo umas dicas. Em resposta ele me convidou para um café
intelectual, que nunca aconteceu. Em pouco tempo ele se mudou para o Rio de
Janeiro e em uma ida minha para lá fizemos contato para marcar o tal café e
acabamos foi trocando a programação para uma noite de muito show bom em um
estádio de futebol. Haha, conseqüência, os papos intelectuais ficaram para
outro dia e entre as nossas conversas o Italo me contou um pouco sobre sua
história: um livro recheado de MUITAS viagens fantásticas que me fascinaram. Eu
falei na cabeça dele do primeiro ao último show e hoje ele me conta que eu não
deixei ele prestar atenção em nenhuma música de tanto que eu conversava, kkkkk.
Enfim, esta história com o Italo merece um parágrafo especial na minha viagem
para Argentina porque nesta nossa primeira conversa, em março de 2012, sem
saber ele contribuiu para despertar em mim um grande encanto pela vida
mochileira!
Assim nos tornamos amigos de
gostos muito comuns e de um espírito aventureiro que acabou o instigando a ir
encontrar comigo na Argentina. Quando ele me escreveu sobre a idéia de ir para
esta viagem acabou me pegando de surpresa. Eu planejei uma viagem um pouco
egoísta, só para mim e de início não tinha convidado ninguém para me
acompanhar, era um momento importante para mim para estar só. E assim acabei
respondendo para ele que talvez eu precisasse de um tempo para me decidir sobre
isso, que eu não tinha planos fixos nem datas certas. E ainda bem que eu mudei
de idéia e resolvi planejar as datas para nos encontrarmos porque nos
divertimos muito pelas estradas! Foi muito
bom ganhar essa companhia surpresa!!!
San Salvador de Jujuy
Mais uma vez me despedi de
Córdoba e no dia 25 de março à noite parti para o norte da Argentina em 15 horas de viagem. A
primeira parada foi na capital da província de Jujuy, San Salvador de Jujuy. Já
tinham me avisado que lá não teria muita coisa interessante para fazer, mas era
o ponto de partida para os lugares de maior interesse. E assim foi, a cidade é
simples e encontrei como atrativo apenas uma praça agradável.
A recepção ao Italo é que não foi
muito legal.... ele tinha previsão de chegar ou no ônibus perto das 16:30 ou de
18:30 mais ou menos. Combinamos de nos encontrar no hostel, mas eu resolvi
fazer uma recepção surpresa na rodoviária. Cheguei 16:30 e esperei até
18:30.... ele chegou 16:20 e nos desencontramos!! Kkk esperei por duas horas em
um frio de doer que me rendeu uma gripe feia e ele já estava no hostel, onde eu
havia deixado um bilhete dizendo que se a gente se desencontrasse era para ele
me esperar lá! Que trágico foi isso, hehe, encontrei com ele na rua a caminho
de me buscar na rodoviária, quando eu já estava voltando.
Fomos dar uma voltinha em Jujuy e
resolvemos parar em um bar que nomeamos de o pior bar de Jujuy. Ele tinha
comentado de outros bares que pareciam muito chiques para a viagem e acabamos
ambos preferindo parar no lugar mais copo sujo que achamos, com as músicas mais
bregas, as comidas mais fundo de quintal e por isso tudo é que adoramos e nos
sentimos super à vontade no “pior bar de Jujuy”! Foi super divertido!
Depois de muito por o papo em dia
voltamos para o hostel, que por fim percebemos que também parecia o pior hostel
de Jujuy. Isso não foi intencional não, eu havia feito a reserva pela internet
e não sabia que o banheiro era tão feio. Mas era só essa a parte feia e o nosso
tempo por lá foi muito curto, porque logo pela manhã do dia seguinte seguimos
viagem para Pumamarca.
Pumamarca
Ah que lindo é o povoado de
Pumamarca!! Quando estávamos na estrada cortamos umas vilazinhas e quando
passamos por lá, sem saber que já tínhamos chegado, estávamos pensando em
descer do ônibus de tão lindo que estava o lugar. Mas para nossa sorte era lá
mesmo que tínhamos que chegar.
A maior atração de Pumamarca é a
“Montaña de las siete colores”. Eu realmente nunca tinha visto uma montanha
colorida com cores fortes e esta paisagem era muito bonita e única. Mas além do
ponto mais turístico, toda a cidadezinha é muito gostosinha. É bem pequenininha,
com muito artesanato pelas ruas e bons lugares para comer empanadas típicas e
tomar cafés e chás. Na verdade, embora seja um lugar afastado e com muitos
originários (índios), é exatamente por isso que se tornou um ambiente muito
turístico, mas de uma forma agradável.
Dessa vez escolhemos um bom lugar
para nos alojar, limpinho e nos fundos de um restaurante que nos agradou.
Depois de escolher onde íamos ficar, almoçamos um mega sanduíche em uma
lanchonete decorada com garrafas coloridas penduradas na varandinha que dava
vista para uma montanha com um cacto gigante que ficava bem na ponta, parecendo
um cruzeiro. Esta vista me encantou!
Logo fomos dar uma voltinha para
conhecer o que havia na redondeza e depois decidimos pegar um transporte para
as Salinhas Grandes, um lugar mais afastado que parece o Deserto de Sal da
Bolívia. É como um grande mar de sal, uma paisagem branca, gelada e que parece
não ter fim! Fomos com um casal de Buenos Aires e acabamos enturmando de uma
forma bacana e terminamos o passeio em um café.
Para fechar o dia eu e Italo
fomos para o restaurante em que estávamos hospedados e foi muito engraçado. A
começar que o cantor selecionou algumas pessoas para dançar e lá estava o Italo
aprendendo a dançar músicas típicas, haha. Eu fiquei sentadinha rindo. Depois o
cantor seguiu tocando, fazendo piadas e ficando bêbado com o vinho que ele não
parava de tomar. E ao invés do povo perder a paciência que ele não parava de
conversar no lugar de cantar, todo mundo na verdade parava de conversar com sua
turma para escutá-lo e terminavam todos nas risadas! Mas meu soninho como
sempre chegou cedo e fui dormir antes do show acabar.
No dia seguinte fomos ver a
montanha das sete cores pelo mirante e depois fizemos uma caminhada entre ela e
suas vizinhas também coloridas. Lindo, lindo, lindo!
Pumamarca foi o povoado que mais
gostei, mas... viajantes seguem estradas e nesse mesmo dia fomos para Tilcara,
outro povoado.
Tilcara
Chegando em Tilcara vimos muita,
muita poeira na cidade que não tinha asfalto e levantava pó facilmente.
Resolvemos que o Italo ficaria vigiando as malas enquanto eu saia para buscar
um albergue. Como estávamos viajando no feriado de Semana Santa, os preços de
tudo estavam o dobro e na minha andança achei um lugar que estava o mais barato
e cheio de bicho grilo que pareciam ser gente boa. Cheguei toda empolgada para
contar que achei o nosso albergue e fomos para lá com nossa bagagem. Nóooooo...
que furada! Quando eu fui conhecer o dono estava lavando o chão e eu nem
pensava na idéia de que o banheiro era uma parte que ele pulava e não lavava.
Socorro!! Nunca vimos um banheiro tão sujo de tudo possível na nossa vida. Mas
percebemos isso com mais atenção quando já era tarde demais e por lá ficamos.
Foi horroroso e engraçado. Chegar à minha cama pro exemplo e perder meu espaço
para um cachorro que escolheu o meu cobertor para dormir foi sem noção. E os
nossos vizinhos de camas também eram dos tipos muito raros, como um peruano do
tipo índio que conversava dormindo, um tatuador que tatuou todo mundo do albergue
(exceto nós dois é claro) e um cara viajado que levantava à noite toda. Foi
engraçado porque estávamos os dois, se eu estivesse sozinha esse era mais um
lugar que eu teria fugido! Mas estando os dois tivemos histórias para rir
depois e um lugar para nunca recomendar aos nossos amigos.
No dia que chegamos acabamos
perdendo tempo com uma lan house que não funcionava direito e que precisávamos
dela, depois almoçamos um prato delicioso de quinoa e quando chegamos ao vale
de construções de pedra que era o maior ponto turístico ele estava fechando e
perdemos o passeio. Na noite descobrimos uma
procissão com instrumentos musicais indígenas encantadores, papemos por um bom
tempo na praça com Fernet e fomos para um restaurante comer comidas típicas.
No dia seguinte levantamos cedo e
fomos para um vale que se chama “Garganta del Diablo” que é uma cachoeira em
meio aos precipícios. E esse passeio virou mais uma história para contar...
Antes de ir perguntamos no ponto turístico qual era o melhor caminho e também
perguntamos para um guardinha na rua. Ambos e as indicações do mapa mostravam
que havia dois caminhos, um de 8 km por onde passavam os carros e outro de 4 km
que só dava para ir a pé. Escolhemos o menor, é claro. Caminhamos pelas
montanhas de cactos que lembravam os filmes de bang bang. Tudo fantástico! Mas
eu estava gripada e juntando aos problemas de altitude que roubam todo o nosso
ar, fui uma péssima companhia. Reclamei o caminho inteiro de ida que eu não
tinha mais força e que estava difícil, mas queríamos muito chegar lá e seguimos
até onde deu. Mas na verdade não chegamos ao ponto final que era a cachoeira,
simplesmente porque o caminho indicado não levava até lá! O caminho do carro ia
por baixo e seguia até a cachoeira, o caminho a pé ia por cima e era em direção
a um vilarejo muito distante. Por fim ficamos com raiva que ninguém nos avisou
que nesse percurso só se via a paisagem por cima, mas acabamos gostando disso
porque tivemos a vista do alto que era deslumbrante! Só ficamos mesmo
espantados com o trabalho das pessoas que deveriam saber informar as coisas
direitinho. Mas foi ótimo e guardamos fotos maravilhosas! Na volta eu estava
muito melhor, era só descida e eu sofri menos com a falta de ar, acabou que no
fim eu fiquei foi triste de já ter acabado. Assim pudemos nos divertir mais e
rimos até falar chega. Sentir o vento no corpo de braços abertos na beira da
montanha com uma paisagem rara abaixo dos meus olhos e as nossas gargalhadas
com brincadeiras de criança que inventamos foram momentos que ficarão bem
guardados.
No fim da estrada paramos para
tomar uma deliciosa vitamina em uma casinha no meio do nada. O lugar era
inspirador e dava muita vontade de fazer um igual como lazer e trabalho. As
vitaminas e sucos naturais eram servidos em um quiosquezinho de madeira, na
frente de uma casa que tinha um riozinho e um quintal de muitas árvores e mato.
Depois almoçamos iogurte com granola e cansados e imundos seguimos viagem para
Humauaca.
Humauaca
Por mais que gostamos muito de
natureza, quando chegamos a Humauaca estávamos imensamente feliz por a cidade
não ser de poeira! As ruas eram calçadas e a cidade com uma infra-estrutura
muito melhor. Depois de um hostel horrível em Tilcara e com o corpo de pura
poeira e suor, tudo que queríamos era um lugar limpinho, cheiroso. E
encontramos! Meio sem graça batemos em uma porta que tinha escrito hostel e
tinha cara de casa de família. Fomos recebidos por uma senhorinha de mais de
sessenta anos que nos levou para conhecer os quartos. A casa é uma típica casa
de senhorinha de igreja, limpíssima, bem cuidada e a hospedagem era barata.
Estava perfeito e fechamos por lá. E eu achei super moderninho.... no nosso
quarto a nossa vizinha de cama era uma amiga da proprietária e quando eu
perguntei a senhorinha dona do hostel se não havia problema o Italo dormir lá
também ela respondeu que isso era normal! Haha. Claro que pra mim é normal os
quartos compartidos como em todos os outros hostels, mas ouvir isso daquela
doninha foi muito bonitinho e moderninho.
Depois de virarmos gente de novo
tirando toda a poeira do corpo saímos para dar umas voltinhas e encontramos
mais uma procissão de páscoa. Estava muito legal, a procissão se dividia de um
lado com os fiéis e o padre e em outras ruas os músicos que eram um bando de
jovens originários que faziam uma música mega animada. Na verdade parecia mesmo
uma algazarra com tambores e flautas, mas não era não, eles tinham bandeirinha
religiosa e tudo mais! Depois jantamos
uma sopa de lentilhas e fim de noite.
No dia seguinte eu acordei às
seis da manhã com nariz doendo de gripe e fui preparar um chá. Depois dormi
mais um pouco e saímos para as ruas. Eu estava meio molenga e deixei o Italo
dar umas voltinhas mais distante sozinho enquanto eu ficava parada vendo a
movimentação da cidade. O momento auge para o povoado foi ao meio dia, quando o
sino da igreja tocou e saiu um boneco da torre, uma imagem em tamanho real que
fazia movimentos em forma de benção. A praça estava lotada para assistir e o
povo todo entusiasmado. Engraçado até a empolgação com o boneco.
Depois do almoço pegamos o ônibus
para Iruya.
Iruya
Iruya fica a três horas de
Humauaca. Pegamos um ônibus muito antigo, que as bagagens vão amarradas em
cima, igual a filme! A estrada para Iruya é inacreditável! Não sabíamos quase nada
sobre os lugares para onde estávamos indo, somente sabíamos que eram lugares
bonitos. Assim, foi uma surpresa observar que o caminho para o povoado era
literalmente dentro das montanhas. Cada vez que o ônibus seguia, entrávamos
mais para dentro das montanhas e assim, entre as serras, sem asfalto, sem
construções nem nada, seguimos por praticamente todo o tempo da viagem. A
estrada subiu até um ponto bem alto, quando atravessou a metade do percurso e
onde tinha uma vista maravilhosa e depois baixou até o pé das montanhas e por
onde passavam os rios. Incrível visualizar a cidade nada no meio do nada. Na
verdade a cidade mesmo é bem feinha porque tem construções muito novas e muito
pobres. Não tem nada de antigo, típico. Mas a cidade está em meio a uma
paisagem maravilhosa e indescritível com montanhas para todos os lados.
Sensacional e indescritível mesmo.
Chegamos ao fim do dia e achamos
um alojamento nos fundos de uma casa. Bem simples, como todos os outros da
região, mas bem limpinho. O engraçado foi quando pedimos a chave do quarto para
a proprietária e ela disse que lá eles não trancam portas e que ela não tinha
chave. Assim, quando saíamos, nossas coisas ficavam totalmente a deus dará. Mas
esse parecia mesmo o ritmo do vilarejo, “um lugar sem chaves”.
No dia seguinte saímos por volta
das seis da manhã porque queríamos ver a cidade com a luz da noite/ dia. E foi
mesmo maravilhoso! Fomos para um ponto distante onde podíamos ver as luzinhas
no meio das serras que estavam negras pela escuridão e com um céu roxo que
tinha o sol começando a apontar. Fantástico, lindo, maravilhoso! Adorei essa
idéia do Italo, que estava inspirado a tirar fotos, que por sinal ficaram muito
bonitas.
Depois voltamos e fizemos hora
nas ruas até às nove da manhã. Aí o Italo saiu para uma super caminhada em
direção ao povoado de San Isidro. Eram 3 horas para ir e mais 3 para voltar e
eu sabia que meu estado fraco de gripe ia mais atrapalhá-lo que acompanhá-lo e
assim decidi que iria ficar “em casa”. Ele foi e eu lavei umas roupas que
estava precisando e fui deitar. Deitar??? Naquele dia de sol gostoso e naquele
lugar perfeito? Nemmmmm!!! Mudei de idéia e resolvi que queria sentir o dia.
Não sabia até onde ia, mas almocei e segui pelo mesmo tal caminho longo que ia
ao povoado. Sozinha, cruzei por um garoto caminhando pelo meio do nada e me
certifiquei se o caminho estava certo. Ele me disse que se eu fosse para a
esquerda ia para o povoado e que era muito longe e difícil, mas que para a
direita eu ia para uma cachoeira mais perto e fácil de chegar. Comecei mesmo
pela esquerda, mas quando eu vi que ia ter que começar a subir desisti
imediatamente! Eu sabia que não tinha a menor condição para subir e ficar sem
ar com a altitude, gripada! Resolvi então ir para a direita, acompanhando o
riozinho. Até um certo ponto dava para cruzar as águas facilmente, mas depois
eu comecei a lembrar da minha mãe me dizendo mil vezes para tomar cuidado com
as cachoeiras e rios, que para ir os rios ficam baixos, mas que nunca se sabe
se para voltar também vão estar. Hehe, era mesma coisa de ter minha mãe ali do
meu lado. Estava óbvio que era fácil de chegar, até porque eu tinha visto umas
pessoas voltando de lá, mas mãe falou a gente obedece né?! Resolvi não seguir
adiante, fiquei com medinhooo, hehe! Então resolvi ficar sentada entre duas
passagens baixinhas do rio. Comecei colocando a mãozinha, depois, sentada na
terra, enfiei os pesinhos na água gelada que pareciam me abençoar em meio
àquela paisagem deslumbrante de verde de mato e vermelho de montanha de terra
forte. Por fim acabei deitando nas pedrinhas e terra e fiquei me sentindo como
se estivesse tomando sol na praia. O detalhe que eu estava de roupa, preta, em
um sol de rachar era só um detalhe, a minha inspiração me fez sentir super
confortável ali e por lá descansei e pensei por quase uma hora. Depois voltei
com pé na estradinha para a “casa”.
À noite fomos para uma festa que
estava tendo do outro lado da ponte que cruza o povoado. A festa acontecia no
dia da páscoa, mas não tinha nada relacionado aos festejos que conheço para
essa data. Mais cedo teve a missa na igreja e coisa e tal. Mas à noite o povo
saiu para o profano. Mas o profano deles estava relacionado com as culturas
tradicionais. Eu e Italo chegamos mais pro fim da festa, estavam servindo leite
quente e bolo e tinha música. A sonoridade era feita pelos originários vestidos
com roupas tradicionais. A imagem que eu via ficou gravada como filme na minha
cabeça. Era um índio no meio da roda tocando flauta com uma mão e uma espécie
de um tambor com a outra e o povo dançando em círculo em volta. A música era
tipo xamã e a passagem parecia um ritual muito forte. Misturado com o profano,
havia uma galera dançando meio bêbedos, dançavam e tomavam vinho. As mulheres
de saião e cabelão e os homens com ponchos vermelhos do tipo indígena. Lindo! O
som produzido era repetitivo e entrava na nossa cabeça com uma suavidade
incrível! No dia seguinte escutamos uma mulher que era música explicar que os
sons dos instrumentos são realizados de acordo com a época do ano e com as
necessidades, como por exemplo, pedindo fertilidade para a terra e coisas do
tipo, relacionadas à produção vinculada à natureza. Pensamos que algo do tipo
acontecia ali na festa, misturado com as bebedeiras festivas. Depois tiveram
umas danças folclóricas da Argentina e fomos embora.
Esta foi a única cidade até então
que ficamos por duas noites e na segunda de manhã íamos embora. Acordamos e
caminhamos até o mirante. De lá avistamos uma construção interessante que
lembrava uma mesquita. Ficamos curiosos e caminhamos em sua direção para ver o
que era. Chegamos a um cemitério e a construção fazia parte do seu cenário
genial. Foi o cemitério mais alegre que já vi até hoje, lotado de flores
coloridas de cores muito vivas.
De lá paramos em um hotel
chiquetérrimo porque o Italo estava com vontade de tomar um bom café. Entramos
lá, os dois de mochilas, eu com a calça jeans dobrada até o meio da canela e
por aí vai! Sentamos para pedir o café e.... nossa que delícia!!! Tinha um
resto de café da manhã na mesa que um hospede deixou. Hum, o pãozinho estava
tão lindo, inteiro, sem nenhuma mordida, e ainda havia doce de leite, manteiga
e geléia para passar! Kkkk Eu jamais faria isso no meu dia-dia normal, mas nos
meus dias anormais das minhas férias...kkkk... tinha que pegar um pedacinho
daquele pão. Entre milhares de gargalhadas que arrumamos com isso, eu pegava o
pão delicadamente para dar uma mordida e quando alguém chegava perto
despistávamos. Consegui pegar um pedacinho para mim, um pedacinho dei para o
Italo e no fim da mordida...... a câmera em cima da minha cabeça me olhando e
eu não tinha visto. Kkk Olhamos para o garçom e ele estavaa.... rindooo!!! Que vergonha,
ficamos roxos e azuis, tomamos o café, o Italo com toda a postura de italiano e
eu querendo me esconder, saímos e eu nem olhei pro lado. Foi um super mico, mas
nos divertimos tanto tanto igual criança quando faz coisa errada. As nossas
risadas fizeram a mordida no pão valer à pena. E além de tudo... hum, um pão
era feito com nozes e com o doce de leite estava maravilhoso!!
Depois descobrimos um cinema
muito legal, que ia passar um filme sobre a cultura do povo local! Mas já era
tarde demais, pois nesse dia fomos embora. Fizemos hora na praça, almoçamos,
buscamos nossas malas e seguimos pé na estrada!
Jujuy
Não queríamos muito ir para Jujuy
de novo, mas tivemos que ir porque era o ponto de partida para o nosso destino
que era Salta. Assim, fomos para Jujuy mais uma vez, mas obviamente mudamos de
hostel. Dessa vez um lugar super descolado, com uma fachada linda que mais
parecia um hotel de verdade. Do lado de dentro tinha um barzinho bem
arrumadinho e uma galera que parecia ser agradável. Ficamos por lá! Dezoito pessoas
no nosso quarto e um banheiro para o albergue inteiro, kkk. Mas não fez mal,
estava limpo e o lugar era mesmo muito bacana! E nossa passagem foi muito
rápida, no dia seguinte cedo seguimos para outro bus.
Salta
Chegar a Salta já foi lindo. Tivemos
que perambular bastante para encontrar o hostel que estávamos procurando, mas
nos sentíamos bem caminhando pelas ruas agradáveis com entradas floridas para
as casas. Hum, Salta foi agradável e tranqüilo do início ao fim! O nosso hostel,
7 duendes, tinha roupas de cama cheirosas, poucos companheiros de quarto, água
quentinha e um responsável muito atencioso e simpático.
Salta também, entre outras
coisas, se resumiu a muita comilança!! O Italo é o melhor companheiro para
gastronomia, seja ela refinada ou de boteco copo sujo, ou seja, ele também é
uma ótima companhia para fazer engordar. Eu já estou uma bola, isso me preocupa,
mas nesses dias com ele quis foi curtir! Assim, almoçamos em um restaurante de
gente fina, mas gostoso porque tinha as mesinhas bem na praça principal. Comemos
um monte de delícias e depois não conseguíamos fazer quase nada! Fomos caminhando
devagarzinho até uma feira de artesanato onde fizemos umas compras bonitas e
baratas e compramos uns vinhos que tomamos no parque, pertinho do lago com
patos! Super agradável. À noite fomos para a rua que diziam ser a mais
movimentada de bares na cidade e quando chegamos deu até dó de tão vazia que
tava! Tinham muitos bares com músicas tradicionais, preparados para receber
turistas e sentamos foi e um bar que tocava um bom rock! Comemos uma pizza que
no mínimo foi comprada no Carrefour, mas estava muito gostosa e aí fechamos
nosso dia, pela primeira vez, às duas da manhã!
E no outro dia... chuvinha
gostosa para dormir!! Esse era o dia que pedia cobertor e brigadeiro, mas como
não dava para fazer isso, fomos para as ruas, tudo bem tranqüilo e devagar. Depois
eu dormi um longo cochilo e à noite fomos a uma boa pizzaria e cineminha!! Vimos
um filme muito muito divertido, kkkk, as risadas foram garantidas!!! O filme
era infantil e se chama Los Croods!! Conta a história de uma família primata que
vivia nas cavernas e que tinha uma menina muito curiosa que insistia em ver o
que havia para fora do buraco de pedras. Ela tinha muita vontade de ultrapassar
suas fronteiras e foi em busca do sol, se arriscou e foi atrás do amanhecer!! De
repente escutei que ela se parecia comigo, rs. O filme é divertido e
interessante porque tem mesmo uma história bonita e boa para se pensar. Além de
rir muito confesso que chorei até em um filme infantil. Nem dava para acreditar
nisso, mas foi fato. A menina tinha uma história difícil com o pai dela e no
fim eles se abraçaram e disseram que se amam muito e eu.... chorei! Senti saudades
do meu pai...
No fim, eu e Italo tentamos
voltar para a rua teoricamente movimentada, mas que estava morta de novo, e
dessa vez fomos dormir.
Acordamos na quinta nos
preparando para a partida. Almoçamos juntos, nos despedimos, o Italo voltou
para o Brasil e eu segui para Mendoza....
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