O primeiro destino do Chile era
Valparaíso. Quando o ônibus estava chegando à rodoviária, passava por ruas
muito charmosinhas e eu fica com a frase na cabeça “que lindo!”. Assim fiquei
uns dez minutos de “que lindo!” até que em um momento a imagem me fez pensar:
“hum que feio!” aí logo em seguida pensei: “imagina se aqui é Valpo?!” Bem –
vinda, nesse momento cheguei a minha cidade de destino! Hehe Eu já sabia que a
cidade era como os morros das favelas do Brasil, então não me assustei muito,
mas que a chegada era feia era!
Valparaíso é como as favelas com
muitos morros de casas simples. Mas o que atrai os turistas é o clima artístico
e boêmio que compõe essa região, que também se encontra em um porto marítimo.
Fui para lá curiosa para conhecer a cidade que meus amigos mineirinhos tinham
acabado de voltar encantados com o lugar. E realmente, só a chegada que era feia!
Quando cheguei à rodoviária fui
procurar um ponto de informações turísticas e só encontrei nas ruas, era um
quiosque na calçada. Ali com a minha mala fiquei esperando a moça terminar de
atender a um casal para depois me atender. No muito tempo que esperei fiquei
morrendo de medo de algum pivete me roubar. A sorte que dei de ter que ficar
parada ali foi a de ter conhecido Marieta, que acabou tornando a minha
companhia por uns bons dias.
Enquanto eu esperava a fila se
formou com uma menina de mochilão nas costas, parada atrás de mim. Ela era tão
bonita e delicadinha, achei divertida a cena dela com aqueles equipamentos de
viagem de aventura. Como ela parecia ter a minha idade e estava sozinha,
imaginei que também ia para um hostel e perguntei se ela tinha algum para me
indicar. Ela também estava buscando, então pegamos um mapa e seguimos juntas.
Que loucura que foi a nossa busca!
Marieta é do tipo garota esperta,
despachada. Não é como eu que para entender um mapa tem que sentar e ficar uns
bons minutos analisando. Ela simplesmente pega e vai. Logo eu acabei meio que
“seguindo” ela que comandava os caminhos. Assim fomos acertando e errando
muitas ruas. Foi um verdadeiro desastre minha chegada em Valparaíso. Nós duas
pegamos um ônibus até o centro da cidade. A minha mochila não cabia em lugar
nenhum e eu ainda não estava acostumada com aquela nova moeda em que uma
passagem custa 220 pesos, que equivale a menos de 2 reais, mas que a quantidade
de números me assustava. Por isso deixei o motorista nervoso e todo mundo me
olhando feio. Quando descemos tivemos que pegar um elevador para chegar ao alto
do morro que íamos. Chegamos às ruas de pedra onde a mala de rodinhas não podia
funcionar e eu tive que sair carregando um chumbo danado. Subimos e descemos a
mesma rua várias vezes e quando por fim eu encontrei um espaço para usar a mala
no chão, a rodinha estragou de novo e o jeito foi carregar muitos quilos por
muitos minutos. No meio desse estresse e com quatro calos que se formaram na
minha mão, nós paramos em um hostel que estava caro, mas estava fácil de parar.
Depois de descansar um pouco e
tomar banho nós duas fomos comer uma pizza que estava incrivelmente deliciosa e
voltamos para o hostel sem ir em busca das noitadas da cidade. No dia seguinte
saímos pela manhã e trocamos para um hostel mais barato, depois saímos para
conhecer os pontos turísticos. Fomos às partes mais altas dos morros para
avistar a cidade, mas tivemos um baita azar porque o céu estava coberto de
nuvens. Conhecemos uma galeria de arte, tiramos umas fotos das casinhas
coloridas e das ruas com grafite, conhecemos algumas praças, almoçamos e por
fim andamos muito pela cidade, até cansar.
Eu enfiei na cabeça que queria
ver a uma peça de teatro e fomos a outro ponto de informações turísticas.
Ganhamos um caderninho de programação das atividades culturais e um ingresso
para assistir o que pensamos que era a peça de teatro para a noite.
Antes do evento cultural fomos ao
mesmo restaurante que almoçamos, porque tínhamos gostado muito de lá, para
jantar e tomar um bom Pisco Sour. Quando chegamos ao teatro, na verdade nos
demos conta que era um filme que ia passar. E... não tinha ninguém, tínhamos um
teatro todo apenas para a gente. Depois chegaram mais uns quatro gatos
pingados. E o filme nada mais era que brasileiro. Eu podia ter achado isso bom,
mas a vontade que eu tinha quando busquei a programação foi a de conhecer a
cultura local, então não gostei. Para piorar era um filme muito antigo de duas
horas de duração. Não conseguimos ficar e com meia hora voltamos para o hostel.
Na outra manhã saímos com nossas
malas para a rodoviária. Para a minha sorte a funcionária do hostel me ajudou a
consertar a mala e já sabíamos o melhor caminho para pegar o ônibus, assim, a
saída foi bem melhor que a chegada. Deixamos nossas bagagens na rodoviária e
fomos conhecer uma intervenção de grafiti que tinha sido feita nas ruas de um
morro há poucos dias. Subimos a pé e curtimos muito os belos desenhos e depois
descemos por um elevador que saia em um grande túnel. Legal! E no caminho para
a rodoviária tinha uma feira onde as pessoas vendiam suas coisas, roupas,
objetos e também tinham barracas de frutas e verduras. Achei muito bacana e
claro que comi umas frutinhas deliciosas!
Depois pegamos um ônibus e
seguimos para a cidade de Viña del Mar. Minha passagem por Valparaíso foi bem
menor do que o previsto. Eu tinha pensado em ficar uns cinco dias, mas como ia
ter uma manifestação um pouco pesada por lá e como vou seguindo a viagem com a
programação que faço a cada dia, acabei saindo com pouquinho tempo.
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