No alto da montanha...

No alto da montanha...
Capilla del Monte - Cerro Uritorco - Argentina

terça-feira, 23 de abril de 2013

Fechando a expedição no lugar onde tudo começou.... em Córdoba!!

Nos ruídos de Santiago...

Bum! Cheguei à Santiago! Metrô, muita gente, muito carro, barulho... cidade grande! Fui direto para o hostel que Marieta tinha me indicado. Lá peguei um mapa com as indicações dos pontos interessantes da cidade e perguntei para o atendente onde eu podia comer comida típica e barata, algo que não fosse para turistas. Ele me indicou o mercado central, alertando que era caro e um outro mercadão falando que era barato. Não era só pelo preço, mas geralmente eu gosto mesmo dos lugares menos turísticos e optei pelo segundo. Mas quando eu cheguei no mercadão... era tipo o Ceasa, mas acho que ainda piorado. Era feio, com cheiro ruim e com um povão que dava medo de estar por ali sozinha.

Logo tratei de ir para o tal mercado central, que em contrapartida, tinha restaurante mesmo chiquerérrimo. Mudei de ideia mais uma vez e fui para a terceira opção que era um restaurante na rua. Lá eu perdi a paciência com o garçom e ele comigo quando eu perguntei se tinha algo sem carne e ele me responde “frango”, eu disse que isso era carne também e ele respondeu outro prato com “peixe” eu respondi o mesmo e por fim ele disse outro com “presunto”! Parecia até piada e eu fiquei mesmo irritada. Perdi a paciência e fui comer um salgado de queijo em pé em uma lanchonete! Depois sai para caminhar no meio daquele tumulto de cidade grande e fui chegando a conclusão que eu estava mesmo começando a ficar estressada como há tempos não ficava.

Com a sensação do nervosismo do barulho da cidade grande e do clima de capital eu decidi que os únicos lugares que eu ia visitar eram os parques... eu precisava de ir em busca do verde como refúgio! Assim fui para um dos famosos serros que eu tinha escutado que era muito bonito. Realmente era... eu pude sentar no banquinho de madeira e espairecer bem a cabeça. Mas confesso que eu ia preferir muito mais se não tivesse os caminhos de asfalto com muitas escadas e preferia até mesmo que não tivesses os castelos que eram o “tcham” do lugar. Também seria melhor se a vista do mirante não fosse para tantos prédios. Mas tudo bem, pelo menos eu não estava no meio das grandes avenidas de Santiago!

Depois que sai do parque fui para uma rua que me disseram que era muito linda, e era mesmo, em um estilo histórico e com vários barzinhos tranqüilos e agradáveis. Em um desses fiz um lanche, carérrimo por sinal e depois dei uma voltinha na feira de artesanatos e voltei para o hostel. Para a minha surpresa lá eu encontrei com a Marieta, mas dessa vez acabamos não ficando juntas.

Quando cheguei ao hostel o dono me perguntou qual era a cama do quarto coletivo que eu tinha escolhido. Eu respondi e ele me disse que não podia me deixar lá. Ele falou que eu escolhi logo a única cama que eles não tinham trocado o colchão e que estava muito ruim para dormir. Como as outras camas estavam ocupadas ele simplesmente me trocou para um quarto individual com cama de casal, o melhor edredon do mundo e um banheiro só meu! E um banheiro com água quente, chuveiro bom, tapete e sabonete para lavar a mão! Tinha tanto tempo que eu não via essa composição completa que aquilo se tornou o maior luxo para mim. Quando eu vi aquele quarto eu tinha a certeza que meus momentos dentro dele seriam os melhores de Santiago, e assim foi!

Eu tinha que fazer check in ao meio dia e na terça-feira não larguei o quarto enquanto não deu esse horário. Ai que delícia que estava aquele camão só meu!!! E sem o barulho das ruas agitadas. Percebi que não ia mesmo conseguir ficar na capital e quando tive que largar o hostel fui direto para rodoviária comprar minha passagem de volta para Córdoba. Comprei para às 21h e durante a tarde fui conhecer o outro serro.

Para subir ao serro havia a alternativa de ir a pé ou com um funicular, tipo um trenzinho meio na vertical. Eu escolhi a segunda opção porque tinha planejado de caminhar muito para explorar a parte alta do parque. Mas aí... continuava o Chile me aborrecendo. O parque era imenso com muitas áreas a serem desfrutadas. Mas não havia mapa e a atendente da recepção estava pouco se importando em explicar como caminhar por lá. Tinha que chegar ao alto para ver no que dava! E assim fiz, cheguei ao alto e... ninguém para ajudar direito! Ah nem... o moço que trabalhava lá me indicou para um caminho que não tinha saída e eu resolvi é que não ia mais mesmo para lugar nenhum, que ia só fazer o caminho de volta! Parei um pouco, fiquei sentada em um banco relaxando e fui tentar achar a saída.

Então encontrei um ponto de informações e o atendente me indicou que havia uma saída de asfalto de seis quilômetros e uma de trilha de três quilômetros. Não só pela distância, mas pelo entusiasmo de andar na terra sem dúvidas respondi que ia pelo segundo! Aí ele veio me falar que não era indicado para mulheres sozinhas e eu perguntei se era muito perigoso, se tinha assalto ou o quê e ele disse que não, que era tranqüilo, que eu só não podia me perder. Bom, se o problema era só esse eu falei com ele que se eu me perdesse eu faria o caminho de volta e fui.

Logo que pus o pé na trilha veio um funcionário uniformizado de moto atrás de mim! Ah nemmmmm.... mais uma vez... igualzinho aconteceu na montanha de Córdoba... ganhei um vigia! Ele veio me falar que a trilha era altamente perigosa, que tinha assaltos constantes e que era para eu andar perto de um casal que estava à minha frente. Eu respondi que se era assim eu ia voltar e ia fazer o outro caminho. Aí ele respondeu que o outro era ainda pior. Achei que era mentira, mas tinha que pensar o que fazer. Este serro é super visitado, um lugar lotado, um dos principais pontos turísticos. Eu pensava que por ser assim, não era possível que fosse tão perigoso. Mas ao mesmo tempo também pensava que por estar lotado de turistas com dinheiro e equipamentos caros realmente podia ser. Enquanto eu pensava ele veio falando que então me acompanhava a descer o de terra, que era o papel dele fazer a segurança do lugar. Eu não estava gostando da idéia da companhia dele, diferente do guia que me acompanhou em Córdoba, com esse eu não tinha boas intuições. Mas como ele estava uniformizado, com rádio e tudo mais e eu vi que além do casal passavam outras pessoas por ali, acabou que assim eu fui com ele do lado na moto. Horrível, mas ainda bem que eu consegui acelerar e cheguei rapidinho. O pior foi ter que escutar dele “Como eu faço para te encontrar no Brasil?” eu respondi maldozamente “chega em Minas Gerais e procura!” ele ficou achando que MG era uma cidadezinha pequena, kkk.

Era mesmo hora de sair de Santiago que só estava me cansando e depois de uma maratona de metrô lotado fui pegar o ônibus que sairia às 21h de terça e chegaria em Córdoba às 17:30m de quarta...



Em Córdoba, onde tudo começou... 


Cheguei a Córdoba na quarta-feira com um enorme sorriso no rosto. Era engraçado olhar para mim mesma e perceber a sensação que eu estava de estar retornando para casa. Era isso que eu sentia ao ver aquela cidade harmoniosa de volta!! Parecia que eu estava chegando ao meu aconchego. Foi aí que eu percebi o quanto gostei de Córdoba!!

Apesar de ter chegado com a vontade de ficar mais, depois dos meus pensamentos da fazenda decidi chegar e comprar a minha passagem para o Brasil. Fui à bilheteria e consegui ter a minha primeira discussão em espanhol. Briguei feio com o atendente e nem tenho vontade de escrever sobre isso para não reviver. Mas engraçado foi que eu estou mesmo em uma fase em que tudo é amor! No fim de muito bate boca eu não aguentei e tive que falar com o atendente que “agora estamos bem. Está tudo resolvido e pronto, estamos bem!” kkk. Ele não significa nada para mim, mas esse clima de briga estava pesado demais e isso não é bom em lugar nenhum, assim, fui “fazer as pazes” rsrs.

Depois saí em direção ao meu ponto de apoio. Meu amigo Mário, sem eu pedir nada, deixou a chave da casa dele com o vizinho, já que ele estava trabalhando, para eu buscar e me alojar lá. Mário é mesmo um garoto muito bom e em meus dias em Córdoba ele me ajudou com tudo o que eu precisei! Saí da casa dele meio intrigada porque eu queria muito ter retribuído de alguma forma, mas sem ter idéias criativas não soube como agradecer.

Bom, cheguei a casa e logo fui ao Parque Sarmiento me despedir da sua bonita paisagem e de alguém especial que eu não tinha certeza se ia encontrar por lá... Mas encontrei! Encontrei com o homem de cheiro de sândalo, sorriso de lótus e brilho de sol! Como todo bom diário tem um romance, eu não posso finalizar o meu sem dizer que na minha viagem alguém me trouxe sentimentos muito bons. Quem me ensinou a abraçar com o coração ao centro, talvez pela conexão que vem desse abraço, sem querer alcançou um pedacinho mais profundo em mim.  Sob as lindas árvores do parque despedi-me feliz de poder estar ali, naquele momento presente, sentindo mais uma vez o seu forte abraço. Despedimo-nos sorrindo e seguindo...

Com um sorrisão no rosto voltei para casa e depois fui a um bar com Mário e Mely e uns amigos deles. Ah essa garotinha... ela me disse a frase: “eu faria tudo para estar aqui e me despedir de você!”. Como ela é fofinha!! Segundo ela, em julho estará no Brasil e eu vou amar recebê-la. Foi muito bom ganhar essa irmã por um mês!

Na quinta-feira, meu último dia, fui comprar uns alfajores de presente, despedi-me do melhor sorvete que eu já tomei, atrasada mas com toda a calma para desfrutar daquele momento, tomei um mega banho já que eu possivelmente ficaria de quinta até sábado à noite sem mais tomar banho (que horror, kkk, mas era o tempo que ia ficar no ônibus) e segui até a rodoviária, me despedindo daquela cidade com a qual eu tanto me identifiquei....

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