Chegamos em Viña e fomos direto
para o hostel que Marieta já tinha buscado na internet. Ótimo, grande, bonito,
limpinho e em uma boa localização! Depois saímos em busca de uma lavanderia
para eu lavar minhas roupas. Passamos foi muita raiva! É impressionante como os
chilenos não sabem dar informações de onde ficam os lugares, não sei se não
sabem ou se tem má vontade mesmo, mas o certo é que nós duas não entendíamos as
meias explicações que nos deram e andamos por um bom tempo até achar a
lavanderia.
De lá fomos ao terminal de ônibus
pegar informações e depois eu queria ir almoçar no Mercado Central e Marieta me
acompanhou. Em Viña eu escolhi experimentar uma sensação que para mim acabou se
tornando meio diferente agora. Faz nove meses que eu decidi evitar de comer
carne e assim vou seguindo, evitando. E em Viña eu escolhi comer os famosos
pescados fresquinhos e optei pela merluza. Comi e a experiência foi mais ou
menos, parecia que aquele momento não era só comer um peixe. É, foi mais ou
menos, mas eu tentei não tirar conclusões sobre o almoço, só sei que alguma
coisa ficou me cutucando.
Depois do almoço caminhamos um
tanto bom até chegar a uma parte da praia. A minha intenção era ir até a parte
de areia e fazer uma caminhada. Mas quando chegamos à parte de pedras
reconhecemos o cansaço do nosso corpo, já que a gente já tinha andado bastante
em Valparaíso. Assim, sentamos nas pedras na beira do mar e ficamos por quase
uma hora admirando a vista que tínhamos. Um dia um pouco cinza, com muitas
nuvens, um céu embaçado que se misturava com o mar em uma só cor. Alguns
navios, muitos pássaros e um raiozinho de sol. Estava muito bom sentir a
calmaria daquele lugar. Era possível sentir o nosso corpo relaxando das nossas
últimas correrias para conhecer os novos lugares.
Observando a paz relaxante do
mar, nós permanecemos por muito tempo em silêncio, em conexão apenas com o que
víamos à nossa frente. Mas era inegável que a paisagem era um tanto quanto
romântica e então falamos de amores. Falamos de amores passados, amores futuros
e no presente, estávamos as duas vivenciando a busca pelo encontro com a nossa
própria pessoa. Estávamos as duas vivenciando a mesma escolha, o mesmo caminho,
mas confessamos que às vezes um carinho podia fazer bem... mas, queríamos estar
só!
Depois de um tempinho seguimos a
caminhada porque era a vez da Marieta almoçar e fomos para um restaurante. Viña
é muito freqüentada por turistas de vários lugares por causa de suas praias e
os restaurantes das ruas têm todo esse clima de cidade turística. Eu não gosto
muito não!
Voltamos para o albergue e já à
noite fizemos amizade com três caras e saímos juntos. Acho que estávamos
precisando mesmo de uma galerinha para dar um up! Nós duas estamos meio que na
calmaria e a calmaria das duas juntas estava resultando em uma paradesa, rs.
Assim, a companhia dos meninos deu uma agitada e nos trouxe boas gargalhadas.
Fomos a dois bares, tomamos bons piscos, escutamos músicas e conversamos da
forma que conseguíamos. Estava muito engraçado porque um dos garotos não fala e
não entende nada de espanhol e eu não falo e nem entendo nada de inglês. Os
outros falam as duas línguas e assim revezavam quando iam enturmar a ele ou a
mim. Rs.
Experimentando ...
No dia seguinte nós duas demos
uma separada porque cada uma ia seguir um rumo diferente. Eu fui dar uma
voltinha na feira de artesanato, depois fiquei um tempo sentada em um banquinho
de madeira observando o mar. Logo fui averiguar as informações sobre o meio de
transporte para a minha saída da cidade.
Também fui buscar minhas roupas
na lavanderia e ainda bem que eu aprendi a contar as peças, porque já ia
ficando uma meinha para trás!rs. Enquanto eu esperava a lavanderia achar minha
meia tive uma idéia maluca. Eu queria almoçar e lembrei da experiência com o
peixe do dia anterior e aí quis me propor a conhecer minhas reais vontades e me
testar a saber se eu queria voltar para a carne ou não. Era um teste comigo
mesma, para eu ver se eu estava sendo sincera com minha escolha. Acabei fazendo
o teste mais radical e experimentei o tão falado Mc duplo. Já que era para eu
testar, então que eu testasse direito. Resultado é que eu não gostei mesmo da
experiência. Não foi bom, detestei, mas gostei de ter me permitido me testar!
Passando por um portal...
Na verdade esta quinta-feira
estava significando uma passagem para mim. Era nessa quinta-feira que eu ia
começar uma experiência diferente na viagem indo para uma fazenda. Não sabia o
que ia acontecer de diferente comigo na fazenda, mas eu sentia que esse era
mais um portal. E no clima de mudanças, na quinta levantei bem mais cedo que
nos outros dias para não incomodar ninguém e tomar um banho muito demorado.
Fiquei à vontade para fazer isso nesse hostel porque finalmente esse era um que
tinha muitos banheiros. Mas mesmo assim escolhi tomar esse super banho lava
alma bem pela manhã. E antes passei na recepção, pedi uma tesoura emprestada e
com essas tesourinhas de papel entrei para o banheiro e.... adeus dreads de
nove meses!! Depois entrei para o mega banho e eu me sentia mais leve! Alguma
coisa mudava em mim....
Sobre a fazenda, quando eu estava
em Valparaíso vi uma portinha com umas pinturas que indicavam que ali era um
templo Hare Krishna. Eu já tinha tido esse contato em Córdoba e se ali eu
tivesse mais uma oportunidade de conhecimento seria ótimo. Toquei campainha e
pedi para conhecer. Mas a moça que me atendeu estava cozinhando e simplesmente
me largou caminhando sozinha por dentro da casa. Assim não consegui informação
nenhuma e saí. Mas não consegui informação de nada lá dentro, porém, na entrada
do templo havia um cartaz que chamou muita minha atenção. O cartaz falava de um
trabalho voluntário em uma fazenda que em sua programação incluía aulas de yoga
e cozinha vegetariana. Eu anotei todos os contatos e depois busquei mais
informações na internet. Eu já estava com a idéia de fazer um trabalho
voluntário em uma fazenda, mas quando voltasse para o Brasil. Isso era o que eu
tinha idealizado para fechar a minha viagem. Pensei em trinta dias andando
descalça com o pé na terra e respirando verde como finalização da minha
expedição. Mas aquele cartaz com as aulas de yoga e na entrada de um templo
estava muito convidativo e eu acabei decidindo ir para lá!
A fazenda fica em um pequeno
povoado do Chile que se chama Catemu, cerca de duas horas de Valparaíso e da capital
Santiago. Eu fui até a rodoviária pedir informações de como eu chegava até lá e
a moça das informações turísticas não sabia. Aí um enxerido na intenção de
ajudar informou que passava um ônibus na rua com a placa escrito Catemu e que
era fácil de eu encontrar. Eu não senti confiança e por isso fui para lá com
antecedência sem minhas malas só para confirmar. Não existia mesmo esse tal
ônibus. Mas o pessoal da fazenda já tinha me passado as indicações que eu teria
que pegar dois ônibus e eu fui lá no ponto e depois voltei para a rodoviária e
me certifiquei que era isso mesmo. Na rodoviária o atendente me informou que eu
podia comprar a passagem direto no ônibus. Como eu não tinha certeza da hora
que eu ia sair, decidi fazer dessa forma.
Ruma à fazenda...
Fui para o ponto 14:40 sabendo
que o ônibus passava 14:50. “Ótimo”, o ônibus chegou 15:00 e sem lugar livre!
Fiquei muito puta com o moço da rodoviária que disse que eu podia comprar na
hora. E o cara do ônibus falou com a cara mais normal do mundo que depois de
uma hora ia passar outro e que com certeza ia ter lugar. Ele falou como se uma
hora debaixo de um sol de rachar fosse igual à 15 minutos. Mas... ali eu
fiquei! E depois da tal uma hora chegou o outro ônibus... sem lugar! Nossa, eu
fiquei com raiva demais. Esse povo do Chile estava me deixando muito furiosa! E
foi engraçado que nesta uma hora de espera uma moça chilena começou a conversar
comigo e ela ia pegar o mesmo ônibus. E quando vimos que não tinha lugar ela me
perguntou o que podíamos fazer, kk. Eu morri de rir por dentro, ela, chilena,
me pedindo conselhos. Eu disse que ia até a rodoviária garantir a passagem para
o próximo e enquanto ela pensava no que fazer dei sorte de não ter saído porque
logo em seguida chegou outro com lugar.
Na estrada...
Eu tinha que descer em uma indústria
e pedi ao funcionário do ônibus me avisar o ponto certo. E assim desci no meio
de uma estrada gigante, com grandes montanhas de fundo. Fiquei super feliz que
tinham mais duas pessoas no ponto, porque descer em uma estrada sozinha causa
um certo susto. Mas tinha um cara com uma mala grande que devia ser funcionário
da empresa e uma garota. E nós três pegamos o ônibus Catemu. Era um micro
ônibus lotado. Era igual aos nossos micro ônibus mesmo de cidade grande, não
tinha lugar para mais nada e quando eu perguntei para o motorista se era
possível entrar com a mala ele respondeu um monte de resmungo que eu não tinha
idéia do que era. Mas só vi uma mãozinha de um senhor muito amável puxando
minha mala para dentro e ajeitando um espaço para me caber. E assim ele foi
segurando minha mala para mim do início ao fim.
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